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A multiatividade do turismo nas suas
segmentações se consolida para fortalecer em suas frentes sistêmicas, os
interesses de lazer e valores individuais, sendo considerada “uma atividade
complexa que envolve o deslocamento de pessoas para fora de seu lugar de
residência habitual com o intuito de realizar atividades que satisfaçam seus
desejos de lazer.” (SANTANA, 2009, p. 55).
Essa atividade se apropria da cultura
de um povo para compor os produtos turísticos, oferta-los nos centros
consumidores e estabelecer um diferencial no destino indutor. A “cultura” é uma
grande variante que induz a escolha do lugar de descanso pelo turista.
Segundo (LARAIA, 1997), cultura é uma
miscelânea de estimas, créditos, tradições, costumes e nuances históricos de
cunho material e imaterial que conduz, de forma diligente, o cotidiano social.
Ou seja, a cultura é edificada ao longo de procedimentos históricos e concretos
de um povo, a partir de suas inter-relações e estilos de conduzir os
acontecimentos da linda do tempo.
Dessa forma, percebe-se que a cultura
de um povo se consolida pelas feitorias, manifestações e heranças de um
conjunto de pessoas que atuam de forma construtiva no uso do patrimônio cultura
imaterial, representando em linhas gerais a conjuntura social, politica,
econômica e criativa da comunidade.
Segundo (CASTRO, 2008, p. 11), de
acordo com o artigo 2º da Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural
Imaterial (UNESCO, 2003) entende por patrimônio cultural imaterial como:
[As] práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
Nessas perspectivas se compreende que o
alimento tradicional e a gastronomia local, juntos, estão associados a grandes
valores culturais que se transmite de pai para filho, com as devidas
modificações que o tempo lhes imprime na associação com a natureza, podendo ser
matéria prima na fomentação de um produto turístico cultural, relevante em
qualquer destino que valorize esse segmento.
A gastronomia derivada de alimentos
tradicionais é um patrimônio cultural imaterial na constituição de produtos
turístico para eventos como o São João nordestino, já que a confecção dessas
comidas é o resultado das formas de expressão, do saber fazer de uma população,
tornando esses alimentos em produto histórico e apto para o turismo cultural,
“Nesse sentido, o alimento constitui um objeto da história, pois eles não são
apenas alimentos, mas constituem-se em um ato social relacionado aos usos, aos
costumes, às condutas e às situações de uma determinada cultura.” (ZUIN &
ZUIN, 2007, p 115).
(GOULART E SANTOS apud CARVALHO, 2010,
p. 9), relatam que o turismo cultural é compreendido como “[...] um fenômeno
social, produto da experiência humana, cuja prática aproxima e fortalece as
relações sociais e o processo de interação entre os indivíduos e seus grupos
sociais, sejam de uma mesma cultura, ou de culturas diferentes.” Fica claro que
as relações entre os saberes fazer dos produtores de alimentos tradicionais e
da gastronomia local atingem uma miscelânea única como atrativo turístico
cultural de uma determinada localidade.
Dessa forma, é inegável a importância
cultural dos alimentos tradicionais e da gastronomia local como vetores
positivos de diversificação dos produtos de um destino turístico, visando
enaltecer a produção local de bens intangíveis. É nesse contexto que a seguinte
autora (SHULUTER, 2003, p. 10-11) expõe sua ideia quando diz:
Como destacam os estudiosos, a gastronomia está assumindo cada vez maior importância como mais um produto para o turismo cultural. As motivações principais encontram-se na busca pelo prazer através da alimentação e da viagem, embora deixando de lado o standard para favorecer o genuíno. A busca das raízes culinárias e a forma de entender a cultura de um lugar por meio da sua gastronomia estão adquirindo importância cada vez maior. A cozinha tradicional está sendo reconhecida cada vez mais como componente valioso como patrimônio intangível dos povos. Ainda que o prato esteja a vista, sua forma de preparo e o significado para cada sociedade constituem o aspecto que não se veem, mas que lhe dão caráter diferenciado. Esse interesse do turismo pela gastronomia pode ajudar a resgatar antigas tradições que estão prestes a desaparecer.
A gastronomia como patrimônio local
está sendo incorporada aos novos produtos turísticos orientados a determinados
nichos de mercado, permitindo aliar os agentes da própria comunidade na
elaboração desses produtos, assistindo ao desenvolvimento sustentável dessa
atividade.
É no entendimento de turismo cultural
que se vislumbra objetivamente a grande intenção desse artigo na busca de induzir
os alimentos tradicionais, nesse caso exemplificados pelo milho, e a
gastronomia local como propriedade relevante na constituição de base para a
diversificação do turismo cultural das localidades que tenham potenciais, visto
que, além de sentir a cultura alheia, o turista também pode degustá-la.
TEXTO: ALUÍZZIO VIEIRA
Referencias
Castro, Maria Laura Viveiros de; Fonseca, Maria Cecília
Londres. Patrimônio imaterial no Brasil.
Brasília: UNESCO, Educarte, 2008.
LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. 11ª ed. Rio de Janeiro: Zahar,
1997.
SCHLUTER, Regina G. Gastronomia e Turismo. Tradução Roberto Sperling. São Paulo: Aleph.
2003.
SANTANA,
Agustín. Antropologia do Turismo: Analogias,
Encontros e Relações. São Paulo: Aleph, 2009.
ZUIN,
L., ZUIN, P.. PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
TRADICIONAIS Contribuindo para o desenvolvimento local/regional e dos
pequenos produtores rurais. Revista
Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, América do Norte, 4,
fev. 2008. Disponível em: <http://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/117/107>. Acesso em: 26 Jan. 2012.
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